Corredor morre em Caruaru–PE

Corredor morre após participar de maratona e ficar com urina preta.
Por: Raymund Lyra
A causa da morte de Dorgival do Nascimento foi rabdomiólise, doença provocada por uma lesão muscular grave que deixa a urina preta.
O corredor Dorgival Celerino do Nascimento morreu nesta quarta-feira (24), em Caruaru–PE, após ser diagnosticado com rabdomiólise, doença ocasionada por uma lesão muscular grave que deixa a urina preta.
O atleta, de 50 anos, precisou ser internado após passar mal em uma prova de 14 quilômetros de corrida. Dorgival saiu, no último domingo (21), da cidade de Pombos, há pouco mais de 65 km de distância de Recife, com direção à cidade de Gravatá, no Agreste pernambucano. Foi na Serra das russas, localizada entre as duas cidades, que o atleta passou mal e precisou ser levado a uma unidade de saúde de Gravatá. Na segunda-feira (22), o corredor foi transferido para o Hospital Regional do Agreste (HRA), em Caruaru. Nele, Dorgival do Nascimento ficou internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), mas não resistiu às complicações de saúde. Conforme o HRA, a causa da morte do paciente foi hepatite fulminante e rabdomiólise.
O QUE É RABDOMIÓLISE A doença pode ser ocasionada pelo esforço excessivo durante atividades físicas ou por falta de preparo para atividades. Conforme o Ministério da Saúde, a "rabdomiólise é uma síndrome decorrente da lesão de células musculares esqueléticas, com a consequente liberação de substâncias intracelulares na circulação, e desencadeia um quadro com início súbito de rigidez e dores musculares". A doença pode ser causada por atividades físicas, eventos traumáticos, genéticos e até tóxicos. Estudos classificam que o período de incubação da condição é de cerca de 24 horas.
POTENCIAIS DESENVOLVEDORES: Atividade física intensa; Compressão muscular; Imobilização prolongada; Depressão do estado de consciência; uso de medicamentos e drogas; Doenças infecciosas; Alterações eletrolíticas; Toxinas.
Um caso parecido ao de Dorgival aconteceu em novembro do ano passado. Após uma aula experimental de spinning, a influenciadora brasileira Kamila Rigobeli, de 25 anos, foi levada à UTI após ser diagnosticada com a doença.

Um mês travada e recuperação lenta: influencer conta como aula de spinning a levou para UTI após lesão e xixi preto.
Influenciadora teve de ser internada após uma lesão muscular aguda que fez com que o corpo liberasse muitas enzimas, sobrecarregando o rim. Ela conta que, um mês após o quadro, ainda tem sequelas.
Mais de um mês após ir parar em uma UTI após uma única aula de spinning, a influenciadora Kamila Rigobeli ainda não pode retomar a rotina.
Ela teve que ficar sem me mexer por 30 dias para evitar o desgaste dos músculos e que eles liberassem mais enzimas no meu sangue. Ainda sente muitas dores nas pernas e muito fracas. Tem dificuldades para fazer esforço e teve que passar por fisioterapia. A influenciadora foi diagnosticada com rabdomiólise, uma doença que ocorre pela reação do corpo a uma lesão muscular grave. Durante o exercício, os músculos passam por um processo natural de desgaste que gera micro lesões das fibras musculares. Essa "quebra" das fibras musculares é uma resposta normal ao esforço físico e leva à ativação de enzimas. Elas são então metabolizadas pelo fígado e pelos rins. Na doença, o corpo não consegue metabolizar e sobrecarrega os rins. O quadro pode, dependendo da gravidade, levar à morte. Segundo Kamila, ela fazia exercícios diariamente, mas parou com o nascimento da filha, que tem nove meses.
Ainda assim, praticava tênis e vôlei. Ela decidiu ir à aula de spinning com a amiga pela primeira vez, quando teve o caso de rabdomiólise. “A aula era muito intensa, mesmo avisando que era iniciante. Teve flexão e levantamento de peso na bicicleta. Eu cheguei a cair e saí de lá quase carregada pela minha amiga”, conta. Com dores, Kamila conta que procurou primeiro o fisioterapeuta, mas começou a fazer xixi preto e foi ao pronto-socorro, onde foi internada por uma semana na UTI. Ela teve uma lesão grave no quadríceps, músculo da parte superior da coxa, que levou à doença. Kamila conta que ainda hoje há sinais da lesão, como edemas e inchaço. “Eu vou voltar à rotina aos poucos, fiz minha primeira caminhada na semana passada. Minha coxa continua bem inchada e preciso fazer exames periódicos para garantir que meus órgãos estejam saudáveis”, explica.
A influenciadora contou sua jornada com a doença nas redes sociais e o vídeo tem milhões de visualizações. Segundo Kamila, a publicação foi feita para alertar as pessoas sobre a doença, que é silenciosa, e que a única forma de evitar é respeitando os limites do corpo. O discurso dessas aulas é de ultrapassar os limites, de insistir. E se você não insistir, você está errado. O que é totalmente ao contrário do que precisa ser feito, que é respeitar o corpo e não se expor ao risco que passei. Poderia ter morrido e não quero que as pessoas passem por isso. — Kamila Rigobeli, influenciadora. Veja perguntas e respostas sobre a rabdomiólise. Qualquer pessoa pode ter a doença? O médico Fabrício Buzatto, membro da sociedade brasileira de Medicina do Exército e do Esporte (SBMEE), explica que o quadro pode acontecer com qualquer pessoa, mas depende do condicionamento físico e da exposição a atividades intensas.
Pessoas sedentárias e iniciantes estão mais expostas, já que atletas têm geralmente o acompanhamento do desgaste do corpo antes de chegar à doença. O risco é só para pessoas que praticam spinning? Os especialistas dizem que não, e que qualquer atividade intensa, sem o preparo, alimentação e hidratação adequada, pode causar a doença. Isso inclui: crossfit, funcional, aulas de spinning, futebol e até musculação.
A médica do Espaço Einsten, Karina Hatano, explica que fica comum em atividades que entram "na moda" porque muitas pessoas sem preparo começam a praticar e acabam expondo o corpo a uma intensidade para a qual não estava preparada. O que fazer para evitar? O médico Fabrício Buzatto explica que o principal é não tentar atividades intensas se era uma pessoa sedentária e não forçar além do que pode suportar. Além disso, reforça que a hidratação antes e depois do exercício é uma questão importante.